Karmann-Ghia: o primo rico do Fusca
Relembre a história dessa fábrica de clássicos
RENATO BELLOTE
Muita gente que trafegava pela Via Anchieta, em São Paulo, até bem pouco tempo atrás não fazia idéia que estava passando defronte a um pedaço da história automobilística brasileira, em um de seus capítulos mais charmosos. Mais precisamente na Avenida Álvaro Guimarães, número 2487, foram fabricadas – durante duas décadas – as carrocerias do Karmann-Ghia, que eram posteriormente levadas até a Volkswagen para a montagem.
Hora de conhecer o coração do carro. Debaixo do capô está o motor boxer com uma dose generosa de veneno. O bloco foi aumentado para 2,2 litros e a potência bruta chega perto dos 200 cv. Para o leitor ter uma idéia, ao girar a chave, o ronco encorpado envolveu todo o ambiente da garagem.
Com a capota abaixada, outras características do trabalho minucioso de restauração ficaram evidentes. O proprietário nos contou que a máquina foi adquirida há onze anos e o processo todo durou mais quatro. Haja dedicação.
Além de tudo que foi exposto, o clássico ainda passa provocando muitos olhares pela rua. “De toda a coleção este é o que mais chama a atenção das mulheres quando saio pra dar uma volta”, conta o dono com bom humor. Nesse caso, parado ou no meio do trânsito, ele justifica uma frase do folheto de época: “Para se possuir umKarmann-Ghia, só existe uma exigência: bom gosto”.
O estilo elegante fazia toda a diferença. Mais do que um modelo bem feito, o veículo se tornou um ícone no mundo todo. A combinação da mecânica boxer refrigerada a ar – que ainda roda diariamente em milhões de unidades – e o desenho impecável do estúdio Ghia deram origem, sem medo de errar, a um dos mais belos carros já produzidos.
A história da Karmann começou no início do século XX. Com o passar dos anos, ela se tornou uma das empresas independentes de maior sucesso em seu segmento. Ford, Porsche, BMW, Mercedes-Benz e, claro, a Volkswagen, dentre outras, ficaram ligadas à marca alemã através da fabricação de versões que tiveram êxito no mercado.
O estiloso modelo desembarcou nas lojas em 1955. A aparência refinada era seu maior trunfo, já que o primeiro motor escolhido para equipá-lo, de 1,2 litro e apenas 30 cv brutos, não empolgava muito. Mas nem era preciso.
Na década de 60 ele ganharia propulsores – um pouco – mais potentes, pequenos retoques no visual e outros itens de aprimoramento no sistema de freios. Até mesmo uma versão equipada com câmbio semi-automático foi oferecida nos Estados Unidos. Seria interessante conhecer um desses de perto.
Por aqui o alemão com pinta de italiano chegou às concessionárias em 1962. E fez um tremendo sucesso. Custando caro e com mais de quinze opções de cores externas, conquistou o público de todas as idades, como evidenciava a propaganda.
Por aqui o alemão com pinta de italiano chegou às concessionárias em 1962. E fez um tremendo sucesso. Custando caro e com mais de quinze opções de cores externas, conquistou o público de todas as idades, como evidenciava a propaganda.
Um dos capítulos mais interessantes de sua trajetória foi escrito nas pistas. Os carros azuis da Dacon, com mecânica Porsche, rasgaram as pistas e se tornaram imortais, tendo ao volante pilotos como Anísio Campos, José Carlos Pace, Antonio Carlos Porto, Ludovino Perez Junior, Emerson e Wilson Fittipaldi, Chico Lameirão, Rodolpho Olival Costa e Lian Duarte.
Mas vamos ao bólido das fotos. Sim, escolhemos a palavra certa para defini-lo. O conversível ano 1969, na belíssima cor azul-marinho com capota e estofamento bordeaux, avisa de longe que não leva desaforo pra casa. Aliás, note que o logotipo da Volkswagen na frente do capô foi substituído por um da Porsche. E não foi à toa.
Antes de dar a partida – também transferida para o lado esquerdo do painel – vamos conferir mais detalhes. O jogo de rodas Fuchs, que cai bem em todos os primos, irmãos e colaterais do Fusca, sem exceção, confere um aspecto mais agressivo ao carro. O volante e o painel também foram herdados dos modelos 911 e 356, respectivamente.
Mas vamos ao bólido das fotos. Sim, escolhemos a palavra certa para defini-lo. O conversível ano 1969, na belíssima cor azul-marinho com capota e estofamento bordeaux, avisa de longe que não leva desaforo pra casa. Aliás, note que o logotipo da Volkswagen na frente do capô foi substituído por um da Porsche. E não foi à toa.
Antes de dar a partida – também transferida para o lado esquerdo do painel – vamos conferir mais detalhes. O jogo de rodas Fuchs, que cai bem em todos os primos, irmãos e colaterais do Fusca, sem exceção, confere um aspecto mais agressivo ao carro. O volante e o painel também foram herdados dos modelos 911 e 356, respectivamente.
Diga-se de passagem, o visual, que recebe o nome de german look, é muito mais do que a substituição das rodas e outros acessórios estéticos, é um estilo de vida. Aqui no Brasil, o clube Volksporsche vem reunindo os aficionados e realizando encontros de qualidade.
Hora de conhecer o coração do carro. Debaixo do capô está o motor boxer com uma dose generosa de veneno. O bloco foi aumentado para 2,2 litros e a potência bruta chega perto dos 200 cv. Para o leitor ter uma idéia, ao girar a chave, o ronco encorpado envolveu todo o ambiente da garagem.
Com a capota abaixada, outras características do trabalho minucioso de restauração ficaram evidentes. O proprietário nos contou que a máquina foi adquirida há onze anos e o processo todo durou mais quatro. Haja dedicação.
Além de tudo que foi exposto, o clássico ainda passa provocando muitos olhares pela rua. “De toda a coleção este é o que mais chama a atenção das mulheres quando saio pra dar uma volta”, conta o dono com bom humor. Nesse caso, parado ou no meio do trânsito, ele justifica uma frase do folheto de época: “Para se possuir umKarmann-Ghia, só existe uma exigência: bom gosto”.
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